A confusão sobre como funciona o ChatGPT influencia decisões de negócios a medida que essa tecnologia é adotada. Confira!
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A maioria dos portais de conteúdo tem te passado orientações erradas sobre como usar o ChatGPT. E é para corrigir esse problema que explicamos como o ChatGPT nos negócios não vai diminuir as tarefas do jeito que você está pensando.
O ChatGPT é uma ferramenta que, desde seu lançamento, tem provocado disrupção em negócios, queda de cabelos em produtores de conteúdo e suor frio nas costas do Google. A ferramenta, que tem revolucionado diversas etapas do processo de marketing digital, funciona com LLM. E não saber o que isso significa está colocando diversos negócios em risco.
Nesse artigo vamos entender como o ChatGPT cabe nos negócios, abordando o que pode e o que não se pode fazer com ele, embasados na forma que o LLM – tecnologia que baseia o programa – funciona.
"A maioria dos portais de conteúdo tem te passado orientações erradas sobre como usar o ChatGPT. O ChatGPT não deveria diminuir as tarefas do jeito que você imagina. Click To TweetComo um LLM funciona?
Um LLM – Largue Language Model – é um modelo que funciona à base de probabilidade estatística. Um LLM precisa primeiro ser treinado, e isso acontece expondo a Inteligência artificial à um universo de referências. E quais são os únicos fatores que essa IA aprende desse universo? Qual a probabilidade de uma palavra vir depois da outra.
Aqui entram dois conceitos importantes: espaço amostral e estatística. No espaço amostral temos onde a IA foi treinada. Ela sabe, por exemplo, criar um poema shakespeariano pois foi alimentada assim, mas não um poema no estilo de Carlos Drummond de Andrade. Esse espaço tem vieses – geográficos, de visão de mundo, de fontes, etc.
Já o princípio estatístico diz que essa probabilidade também abre margem para erros. Acidentes. E eles podem ocorrer um milhão de vezes, e você teria que testar 100 milhões para ver o desvio padrão. Vamos olhar na prática como uma LLM funciona:
Digamos que eu fale “Eu”. Quem me ouve já começa a conjecturar qual a próxima palavra provável que eu diga.
“Quero” vem na sequência, e a mente humana começa a disparar: comida? Um abraço? Um milhão de reais? “Comer” vem logo depois, e o campo se estreita: milho, alface, hamburguer? “Um”, e agora sabemos que é algo individual e masculino, excluindo palavras no feminino (como pizza, beterraba, etc.). O universo ainda é grande, mas com “hamburguer” eu finalizo a frase e você já faz uma lista dos três restaurantes do shopping próximo que vendem hamburguer: McDonalds, Burguer King e Bobs.
Até aí perfeito, faz sentido. Porém outra pessoa se comporta da mesma forma: aquele profissional que decorou os jargões da área. Ele chega em uma reunião e diz algo como:
“o modelo atual não é disruptivo o suficiente. A queda dos indicadores aponta isso. Precisamos rever o mindset dos funcionários e pensar em uma estratégia que alinhe growth com brand. Nosso foco deveria ser olhar como fazê-lo com o budget atual”.
E agora que você entende o perigo de ter uma pessoa falando assim nos seus times, nas suas comunicações ou tomando conta de certas atividades, está na hora de rever algumas formas de usar e como não usar o ChatGPT.
Quais atividades cabem ao ChatGPT
O ChatGPT, pela sua interface conversacional, funciona incrivelmente bem para adaptar textos a contextos. Aqui cabem diversas atividades envolvidas no dia a dia de um gestor ou do mundo corporativo, como:
· Escrever aquele e-mail cobrando/pedindo/demandando algo
· Resumir uma reunião em um relatório legível e formal
· Sintetizar a narrativa de uma sprint
· Transformar uma conversa em chat em uma interação formalizada
· Gerar conteúdo topo de funil
Para o último ponto, vale ressaltar que se ganha agilidade e praticidade ao usar um produtor de conteúdo especializado no tópico. Esse produtor será capaz de criar perguntas otimizadas para respostas prontas e diminuir o retrabalho com a plataforma. Também terá as habilidades necessárias para discernir entre uma alucinação e uma informação válida.
"O ChatGPT, pela sua interface conversacional, funciona incrivelmente bem para adaptar textos a contextos, além de escrever e-mails, resumir reuniões, sintetizar narrativas e gerar conteúdo topo de funil". Click To TweetE quais atividades não cabem?
Aqui o que não funciona, diferente do que muita gente imagina, é pedir coisas específicas. Gêneros de texto ficam claros para o algoritmo, mas os registros de códigos de programação errados, tabelas mal construídas e invenção de fatos (as tais alucinações) inviabilizam a maioria dos comandos por algo além da construção textual.
Um exemplo prático é um caso que muitas pessoas estão usando: me sugira palavras-chave relacionadas com o termo “X”. É importante lembrar aqui que o ChatGPT não sabe o que é uma palavra-chave. Ou o termo “X”. Na verdade, a tal “IA” não tem nada de inteligência – apenas age de acordo com um comando dado respostas estatisticamente prováveis.
Portanto, quando você pergunta “ideias de palavras-chave de X”, ele não te retorna palavras com alto volume de busca, muitas sessões ou com dificuldade média/baixa de posicionamento. Ele está buscando palavras que atendem a um exemplo de como deve ser uma palavra-chave (termos compostos de duas ou três palavras em média) e que adjetivam ou somam substantivos à palavra original.
Assim, se você pedir “me sugira palavras chave para orgânicos” você terá uma lista como essa:
1. Alimentação saudável
2. Produtos orgânicos
3. Agricultura biológica
4. Alimentos naturais
5. Sem agrotóxicos
6. Produtos sem aditivos
7. Alimentação consciente
8. Alimentos de qualidade
9. Produtos frescos
10. Alimentos livres de químicos
11. Alimentos saudáveis
12. Produtos não processados
13. Agricultura sustentável
14. Alimentação equilibrada
15. Alimentos integrais.
Agora, confira: o item 3 não existe em nenhum órgão público que qualifica a plantação ou em buscas. “Sem agrotóxicos” e “produtos sem aditivos” facilmente canibalizam um ao outro, assim como “alimentos livres de químicos”. “Alimentos integrais” é vago: um pão integral é diferente de um macarrão, por exemplo. “Produtos não processados” entra em um problema ontológico: o processamento de alimentos é saudável se feito certo, não sendo um bom argumento contra.
"ChatGPT não sabe o que é uma palavra-chave. Ou o termo “X”. Na verdade, a tal “IA” não tem nada de inteligência – apenas age de acordo com um comando dado respostas estatisticamente prováveis". Click To TweetLimitações
Podemos resumir o que não cabe ao ChatGPT como “tudo que é necessário senso crítico”. E infelizmente isso traz à tona que um texto coeso e coerente não precisa de senso crítico – mas saber qual a linha de raciocínio desse texto, quais elementos factuais serão implementados, isso sim cabe ao senso crítico de um ser humano.